Alguém

Alguém me chamou
Alguém com um grande e velho casaco verde
Umas calças de tecido castanho estragadas
Umas botas já gastas
Na cara um olhar triste por detrás de dois grandes olhos a olhar-me
As rugas marcavam todos os seus traços
E o cabelo branco igual a uma grande barba escondia a pele suja
Na cabeça um chapéu roto mas por si magico




Aquele alguém chamou-me
Chamou-me gritando o meu nome
Gritou com a sua voz roca e cansada vinda do fundo do seu ser
Prenunciou o meu nome como se tocasse no tesouro mais precioso
Aquela voz soou na minha cabeça num eco profundo
Esperou-me sem se mexer


Olhou-me
Sorriu
E perguntou:
“Quem és tu?”
Confusa não respondi
Depois de pensar também não respondi
E foi ai que percebi que nem eu própria sabia quem era
Que não me conhecia e que sobre mim só sabia o que era banal e que todos sabiam
Foi nesse momento que percebi que não sei nada
Que vivo em vão
A partir desse dia quis conhecer-me
Corri a traz do meu ser e fui até ao meu interior saber quem sou realmente

Só ficou uma pergunta:
“Quem era aquele homem?”
Para mim é o "Velho" que me ajudou a viver.